EU E VOCÊ




Após nove anos longe das câmeras, Bernardo Bertolucci volta ao cinema utilizando a matéria-prima de seu último longa, Os Sonhadores. O espírito ainda é jovem, mas com diferente abordagem em Eu e Você, filme exibido no  Festival de Cannes de 2012.

A inquietude juvenil desta vez não parte de nenhum princípio político explícito para ser estudado. Eu e Você parte da realização máxima de um garoto de 14 anos – passar alguns dias longe dos pais sem seguir regras. E a pacata rotina de Lorenzo (Jacopo Olmo Antinori) governada pelo espírito de aventura de fazer o que é proibido é abreviada pela figura de sua meia-irmã, Olivia (Tea Falco).

Olivia é a sustentação da obra em todos os aspectos representando as contradições adolescentes. Ela é o fim da inocência para Lorenzo e o início do tempo de descobertas. Dentro de um espaço cênico mínimo, Bertolucci comanda e separa muito bem os polos, sempre de forma implícita.

Em certo ponto de Eu e Você, Bertolucci ultrapassa os limites de sua forma e se vê obrigado a explicar sua intenção máxima através de um discurso. A saída é diluir a força do filme, que notoriamente é debilitada pela mesmice na forma de causa e consequência tanto para Olivia quanto para Lorenzo, separada apenas por algumas sequências.

Lorenzo e Olivia, apesar de serem irmãos, estão em mundos completamente distintos. Ele, protegido e tencionado à vida adulta. Ela, encurralada e em rota de colisão com a realidade. O momento é de fuga para os dois em óticas distintas e este é o grande acerto do filme. Pois, no restante, não há habilidade para dialogar com o “conflito de gerações” como símbolo da rápida mudança de hábitos e modelo de tempo entre os personagens.

Eu e Você (Io e Te, Itália, 2012) de Bernardo Bertolucci

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