FINISTERRAE


A saga de dois fantasmas pelo caminho de volta à vida. Finisterrae lentamente constrói um estado de espírito. De contemplação, compreensão e êxtase. Sergio Caballero passeia por extremos emocionais e caminhos sincréticos no filme vencedor do Festival de Cinema de Melbourne.

O surrealismo é arma para emocionar, alegrar, chocar e lamentar. O russo é a afronta às convenções do cinema neste road movie com senso de humor único. Afinal, o que faz um filme espanhol usando tal língua como a imponência de seu discurso? Uma referência histórica ao teatro de lá oriundo e também um explicito desafio ao público acostumado ao modelo americano?  Provavelmente um desafio, antes de tudo, ao próprio diretor na realização e transposição do roteiro para a tela.

Embaixo do teto que descansam está a maior analogia à morte. Os fantasmas fazem seus rituais, contemplam o valor do caminho a seguir. Discutem o valor da persistência. Seria patético se o filme se levasse a sério. Não é o caso. Estão lá referências aos primórdios do cinema – na estética e no clássico pano branco que cobre os fantasmas, que lentamente ficam imundos. Referente à La cicatrice intérieure de Philippe Garrel, Finisterrae é impetuoso e não cria nenhum tipo de contrapeso; pelo contrário, Caballero faz questão de explicitar suas fontes: a vídeo arte e a equivalência de extremos tão explorados pelo cinema, mas que pouco dividem a mesma obra: plástica e conteúdo.

★★★★
Finisterrae (Idem, Espanha, 2010) de Sergio Caballero

Um comentário:

  1. só esse filme já valeria o Indie todo. se o filme se levasse a sério, tudo estaria realmente perdido. o surrealismo foi a liga que costurou a narrativa.
    Indie salvando BH!

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