IV SEMANA DOS REALIZADORES


Terminou na última quinta-feira a quarta edição da Semana dos Realizadores. O evento que propõe fazer o panorama da produções autorais e independentes do Brasil pela primeira vez teve exibição de um filme estrangeiro, o mexicano Retratos Perdidos de Ricardo Nicolayevsky. Nas sessões especiais, Rua Aperana 52, novo longa de Julio Bressane, Noite de Reis de Vinicius Reis e Na Carne e Na Alma do falecido Alberto Salvá

A Semana premiou os seguintes filmes:
Melhor Filme:  O que se Move, de Caetano Gotardo
Menção Honrosa: Domésticas, de Gabriel Mascaro

Confira abaixo comentários sobre cinco filmes exibidos na Semana:

Otto (Idem, Brasil, 2012) de Cao Guimarães

O encontro – declarado – entre Cao Guimarães e sua esposa dentro de uma sala de cinema durante a exibição de Andarilho, filme de Guimarães, faz de Otto um filme do artista e não do homem e pai. Ao contrário do nome de seu filho que batiza a obra, Otto não é um palíndromo, afinal, vemos, através de simbolismos – vez ou outra pontuadas pela voz em off do realizador – os meses que antecipam a chegada do bebê. Como ele será? Qual religião seguirá? Terá o mesmo gosto dos pais? A construção do amor em nove meses.


A Balada do Provisório (Idem, Brasil, 2012) de Felipe Rodrigues

Boas referências nem sempre resultam em boa medida. Aqui, o “macho” da chanchada, hoje conhecido como mito, encontra o humor No Wave e a linguagem da Nouvelle Vague, em especial Godard. Felipe carece de autonomia sob o próprio trabalho. Atirar para todos o lados para agradar ou criar identificação transparece insegurança.

Boa Sorte, Meu Amor (Idem, Brasil, 2012) de Daniel Aragão

A salada que é o filme de Aragão traz duras críticas à urbanização irregular de Recife, uma história de amor moldada pelas raízes recifenses e dezenas de referências aos filmes “de sertão”. Um ode às raízes e tradicionalismos com maquiagem urbana para diluir narrativa e acessibilidade.

Lacuna (Idem, Brasil, 2012) de André Lavaquial

No conceito do “filme livre”, vemos a busca pelo êxito através de escolhas alternativas perante a sociedade. Em um país onde o básico pode ser exótico por conta de escassez, viver de música ou artes em geral  é declarar pobreza, porém, com satisfação de ser completo, livre de chefes, amarras e burocracias em geral.

O Que Se Move (Idem, Brasil, 2012) de Caetano Gotardo

O lado lírico de um gênero encontra sua força máxima – mães e traumas profundos. Com esse elo, as três histórias são divididas facilmente pelo brutal encontro com o trágico. “Real” e real se degladiam e são separados por canções, danças ou performances. Uma experiência irregular e igualmente interessante.

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