CRAZY HORSE



Longe da eterna questão do real e dos tradicionais talking heads, Frederick Wiseman construiu sua carreira como diretor de documentários analisando o cotidiano de instituições americanas. Em Crazy Horse, a metodologia segue intacta, mas não foge da questão sobre a inventividade em sua carreira.

Esteticamente impecável, a câmera de Wiseman analisa o cotidiano do cabaret que batiza o filme, entre exaustivos ensaios que colocam a teatralidade dos números de dança em comparação aos contos de fadas – a incessante inserção na realidade parisiense não tira o Crazy Horse da idéia de um local fictício, de fantasias e questões essencialmente masculinas, como o voyeurismo, o conceito de erotismo pela sugestão, etc.

De encontro à busca da aura do local está a problemática montagem, com números completos que em certo ponto do filme torna-se puro metodismo. Wiseman não entroniza o sensacionalismo que a rivalidade entre membros da equipe ou o processo de seleção de novas dançarinas trariam. Lentamente e sem medo da saturação, Crazy Horse mantém o diretor em sua zona de conforto, no clássico ato de unir diversas captações de momentos e uni-los por peças, seja a casa, os números, os personagens e até mesmo o protagonista: o espírito.

★★
Crazy Horse (Idem, França/Estados Unidos, 2011) de Frederick Wiseman

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