GRAVIDADE


Em parceria com seu filho Jonas, Alfonso Cuarón (Filhos da Esperança) escreveu um filme sem abrangências. Gravidade utiliza o espaço, talvez a máxima do cinema dominado por artifícios da pós-produção – hoje se exige “experiências” sortidas através do 3D, IMAX, XD antes mesmo da simples troca entre obra e espectador. Tal escolha serve como apontamento para o alvo de Cuarón, dando outra ideia de “gravidade”, uma forma delicada de preocupação com o futuro, provavelmente a geração dos filhos de Jonas.

A saga da engenheira Ryan (Sandra Bullock) e do astronauta Matt Kowalski (George Clooney) em poucos minutos vai de aventura plausível à mensagem de paz definitiva. Cuarón sabe bem como abraçar o apelo com braços mentirosos. Eles são belos o bastante para justificar o espaço como elo perfeito para o silêncio perturbador depois de tantas tentativas a base de verborragia. O mesmo serve para a solidão e sobrevivência. 


A luta pela vida – ou pelo final feliz - vem a partir do reconhecimento dos Estados Unidos como piloto da Terra, no qual a assiste onipotente, de cima. À custa de contratempos e instabilidades dirige o planeta. Do vazio, Cuarón exibe a sustentação, enfim, para a gravidade. Nada mais que pilares comunistas, assumindo assim a fragilidade de discursos de paz e a maquiagem eficiente para o mundo capitalista por parte dos yankees. Não há vida na Terra (EUA) sem estes pilares, mesmo que o american dream venha como impulso ou um supro de coragem.

Eis a fraqueza de uma nação prestes a queimar, literalmente. Gravidade não tem amarras para assumir-se, enfim, como utopia, filme, produto ou serviço de recuperar a memória de um país banhado em glória, seja ela artificial ou não. Assim como a visita do homem à lua.

 ★★★
 Gravidade (Gravity, EUA, 2013) de Alfonso Cuarón

★★★


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