AMARGO


Diria que assistir ao novo longa de Hélcne Catett e Bruno Forzani, Amargo é uma experiência nova e interessante. É um filme que constrói sua narrativa pelo sistema sensorial de Ana, que em nenhum momento oferece informações maiores sobre sua vida. O som é o guia desta narrativa junto com a montagem “videoclipada”.

O trauma da infância, o desejo de liberdade adolescente, a libido e a busca de um caminho na vida adulta são colocadas de uma maneira que o corpo pode nos contar. O olhar, o suor, o ranger de dentes. A erotização do método está presente, afinal, era só uma questão de tempo. Diálogos são dispensados no filme. A linguagem corporal aliada a já citada montagem pode nos situar do estado emocional da protagonista, mesmo que ele possa parecer abstrato, em forma de delírio, com a ajuda do visual do longa.

Esta aventura experimental trás bons frutos, mas em certo momento, cai na mesmice. Esta mesmice era previsível, pois uma aposta como esta não tem muitos caminhos a seguir. O filme pede uma reviravolta estética ou ao menos em sua construção narrativa. Esta saturação do método acaba prejudicando o andamento do longa, pois ele não se preocupa em se aproximar da protagonista e muito menos revelar detalhes maiores em seu texto. Apenas um trauma, um grande trauma.


Amargo (Amer, Bélgica/França, 2009) Direção: Hélcne Catett e Bruno Forzani

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